Você pode me pisar, me bater e me ferir.
Você pode usar o meu corpo;
"vá em frente", te ensinaram
e está tudo bem: eu não te culpo.
Você pode me humilhar, e me tratar como lixo.
Você pode ser dono de mim, mesmo quando nem eu mesma sou.
Não tem problema algum, vê?
Você pode se impor.
Pode bater nas crianças.
Pode me chamar de vagabunda, a sua filha de cadela, o seu filho de peso morto.
Você pode.
Você pode ser o que quiser.
Marcar seu território onde você quiser;
até mesmo
dentro do meu útero.
Dentro de mim.
Dentro de cada pedaço de mim.
Você pode rir. E você pode, mesmo: te deram essa liberdade, não foi?
Você pode ser, homem. E pode estar, pode fazer, pode o que quiser.
Você pode bater na minha cara, você pode me dar uma surra, você pode me matar;
só porque eu não abri as minhas pernas,
não te beijei,
não liguei pra sua cantada suja.
Você pode me impor o que quiser:
o seu bafo de álcool;
a sua sede de sexo;
a sua violência;
o seu medo;
a sua autoridade;
o seu gênero;
a sua religião;
você.
Você pode se impor, todinho;
dentro de mim;
quando quiser e puder;
onde quiser e puder;
porque quiser e puder;
porque você é homem.
Mas tua mãe não,
é santa e imaculada;
tua filha cadela apanha,
mas o cara vai pra vala;
só você pode.
Somos suas.
Você saiu de outro útero;
que viveu por você,
então é tua:
Eu saí de outro útero;
mas entreguei o meu a você,
então sou tua:
Ela saiu do meu útero;
mas foi feita por você,
então ela é tua:
Eu não vou rir;
dor não é risada,
mas mesmo a minha dor,
é tua
E dentre o meu sangue,
o meu choro,
a minha dor,
o meu útero,
e a minha morte,
eu digo
não, homem, não sou tua.
E mulher nenhuma deveria ser.
Você pode usar o meu corpo;
"vá em frente", te ensinaram
e está tudo bem: eu não te culpo.
Você pode me humilhar, e me tratar como lixo.
Você pode ser dono de mim, mesmo quando nem eu mesma sou.
Não tem problema algum, vê?
Você pode se impor.
Pode bater nas crianças.
Pode me chamar de vagabunda, a sua filha de cadela, o seu filho de peso morto.
Você pode.
Você pode ser o que quiser.
Marcar seu território onde você quiser;
até mesmo
dentro do meu útero.
Dentro de mim.
Dentro de cada pedaço de mim.
Você pode rir. E você pode, mesmo: te deram essa liberdade, não foi?
Você pode ser, homem. E pode estar, pode fazer, pode o que quiser.
Você pode bater na minha cara, você pode me dar uma surra, você pode me matar;
só porque eu não abri as minhas pernas,
não te beijei,
não liguei pra sua cantada suja.
Você pode me impor o que quiser:
o seu bafo de álcool;
a sua sede de sexo;
a sua violência;
o seu medo;
a sua autoridade;
o seu gênero;
a sua religião;
você.
Você pode se impor, todinho;
dentro de mim;
quando quiser e puder;
onde quiser e puder;
porque quiser e puder;
porque você é homem.
Mas tua mãe não,
é santa e imaculada;
tua filha cadela apanha,
mas o cara vai pra vala;
só você pode.
Somos suas.
Você saiu de outro útero;
que viveu por você,
então é tua:
Eu saí de outro útero;
mas entreguei o meu a você,
então sou tua:
Ela saiu do meu útero;
mas foi feita por você,
então ela é tua:
Eu não vou rir;
dor não é risada,
mas mesmo a minha dor,
é tua
E dentre o meu sangue,
o meu choro,
a minha dor,
o meu útero,
e a minha morte,
eu digo
não, homem, não sou tua.
E mulher nenhuma deveria ser.
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