DDUP #4

O carnaval acabou. Para a minha tristeza e - ao mesmo tempo - alegria, voltei ao meu pequeno inferno.

Não apenas por ser quente - aqui é, sim -, mas por conviver com pessoas de índole e passado opostos aos meus. Por conviver com coisas que não me fazem bem, com um estilo de vida que não faz sentido de ser meu.

Por conviver com a responsabilidade de uma futura médica.

Lá nada é tranquilo, obviamente. É uma cidade de memórias de sangue e mortes, cujas ruas tem - cada uma - uma história por trás, para mim.

E nenhuma é boa.

Entretanto não tem esse peso, essa obrigação, e as memórias são compensadas com noites risonhas de embriaguez com os "companheiros de crime" - como os chamo, apesar de nada terem a ver com os meus crimes - e de jogos com a criança que sobreviveu dentro de mim.

Mas é lá que eu fujo. Fujo pelas ruas, das sombras dos que matei. Fujo pela cidade, das pessoas que vão me matar.

É pra lá que eu fujo, quando aqui se torna cruel demais.

Comentários